Autoridades ocidentais e árabes estão na Arábia Saudita para discutir um cessar-fogo e um acordo para a libertação de reféns quase sete meses após a guerra entre Israel e o Hamas que devastou a Faixa de Gaza.
O conflito foi desencadeado quando militantes do Hamas invadiram Israel, em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 253 reféns, de acordo com os cálculos israelenses.
A campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza desde então matou mais de 34 mil palestinos, de acordo com autoridades de saúde do enclave liderado pelo Hamas.
Os Estados Unidos, o Egito e o Catar têm mediado as negociações de trégua desde janeiro, com outros países também envolvidos.
O último acordo levou a uma pausa de uma semana nos combates em novembro, durante a qual o Hamas libertou mais de 100 reféns e Israel soltou cerca 300 prisioneiros palestinos.
Negociações para um acordoO ministro das Relações Exteriores francês, Stephane Sejourne, disse na segunda-feira (29) que as negociações estão progredindo com ministros árabes e ocidentais em Riad.
Enquanto isso, uma delegação do Hamas esteve no Cairo para discutir a mais recente proposta de cessar-fogo e a resposta de Israel à medida.
Mas em suas declarações públicas, ambos os lados ainda tem ideias divergentes sobre as principais questões que permeiam o acordo.
Por que o acordo é tão importante?O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu diz que a campanha militar de Israel se voltará para Rafah, a última cidade em Gaza não ocupada pelas tropas israelenses, onde a maior parte dos deslocadas palestinos, que fugiram de suas casas, estão abrigados.
As agências de ajuda humanitária, bem como os aliados ocidentais de Israel, temem que um ataque aumentaria a crise humanitária em Gaza causada pela guerra, intensificando a pressão internacional por uma trégua.
A continuação dos combates torna qualquer esforço para melhorar a terrível situação humanitária em Gaza muito mais difícil, com o Programa Alimentar Mundial dizendo na semana passada que partes do norte do enclave ainda estavam caminhando para a fome.
A maior diferença entre os lados é sobre as condições para um cessar-fogo.
Israel disse que está pronto para aceitar uma interrupção temporária dos combates durante uma troca de reféns e prisioneiros.
Mas Netanyahu está determinado a não terminar a campanha militar até que consiga “vitória total” sobre o Hamas com um ataque a Rafah.
Ele então prevê o controle de segurança israelense aberto sobre Gaza, que permitiria que as forças retornassem a qualquer momento.
O Hamas diz que só aceitará um acordo baseado em um cessar-fogo permanente que encerre a guerra e inclua uma retirada de tropas israelenses de Gaza, em vez de outra trégua temporária.
Reféns e prisioneirosNetanyahu e seus ministros dizem que qualquer acordo teria que levar ao retorno de todos os 133 reféns que Israel diz que estão em Gaza, ou de seus corpos, se já tiverem morrido. Em troca de libertar reféns, o Hamas quer a soltura em larga escala dos palestinos detidos por Israel.
As negociações podem abordar a proporção de prisioneiros a serem libertados por refém, o faseamento das libertações e se palestinos condenados por violência grave seriam incluídos.
Os pontos críticos nas negociações das últimas semanas incluíram quantos reféns o Hamas poderia reunir dentro de prazos específicos e quantos de categorias específicas, como mulheres e civis.
Não está claro quantos reféns são mantidos pela Jihad Islâmica, um grupo militante que se juntou ao ataque de 7 de outubro.
Outras questõesO Hamas quer outros compromissos como parte do acordo, embora não esteja claro até que ponto uma proposta dependeria da realização desses objetivos.
Quer que todas as pessoas deslocadas possam regressar às suas casas em Gaza. Quer que seja permitida a entrada de muito mais ajuda. E quer um programa de reconstrução, com a maioria das casas e infraestruturas destruídas ou danificadas pelos bombardeamentos israelenses.
O plano pós-guerra de Netanyahu, contido em um documento do gabinete, condiciona a reabilitação de Gaza na desmilitarização total do enclave – o que significa que o Hamas teria que entregar todas as armas, algo que é improvável de acontecer.